terça-feira, 14 de junho de 2016

Moleques

Eu nunca fui uma menina recatada, de vestidinho e lacinho. Sempre fui moleque desde que me conheço por gente. Nessa época eu tinha 12 anos, morava na última das três casas em que vivemos em Sertão, perto de Passo Fundo, interior do RS. 
Como meu pai trabalhava no Banco do estado, era transferido de três em três anos, portanto vivi em diferentes cidades do interior.
Lembro desta casa, que era a maior das três em que moramos nessa cidade, e na vizinhança só havia meninos amigos do meu irmão. Brincávamos muito. Havia trilhos de trem perto de casa, onde íamos fazer piqueniques explorando as colônias ao redor comendo muita bergamota no inverno e butíá no verão. 
Do lado de baixo dessa casa tinha um posto de gasolina e um bar. Ali eu comprava fiado alguns picolés até o dia que meu pai foi cobrado em público e nem preciso dizer que tomei um esporro daqueles em casa. Bem feito!
Nessa mesma época, dada a falta de atividades para a gurizada, comecei a ler os livros da minha mãe. Devorei vários suspenses da Agatha Christie e foi nessa época que tomei gosto pela leitura. Mesmo assim ainda preenchia o meu tempo com curso de violão, escolinha de vôlei e os estudos num fraquíssimo colégio estadual, sobrando um bom tempo para a folia e a leitura.
De noite eu escutava um radinho à pilha do meu pai, sintonizando dials AM de São Paulo e Rio. Achava o máximo da conectividade com o mundo. Que diferença de hoje!
São várias lembranças e até hoje tem aromas e gostos que me remetem àquelas épocas. Saudades e muito boas recordações.

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