sexta-feira, 29 de julho de 2016

Eu Vendo Mel

Sugestão de título - Janaina Sbroglio
Autoria do texto - Marilia Bavaresco


Numa tarde quente, depois do almoço de sábado, Luci com preguiça de lavar a louça decidiu sentar na frente de casa. Ficou olhando o horizonte, e, de repente parou ali uma adolescente no portão de sua casa. 
Como ela não falava nada Luci resolveu chegar perto para ver o que ela queria.
Ao se aproximar a moça perguntou:
- Tia, quer comprar mel?
Luci detestava que a chamassem de qualquer outra coisa que não o seu nome. 
- Não. Obrigada. E eu não sou tia de ninguém. Coisa séria...
Virou as costas de mau humor e entrou, resignada com a louça para lavar. 
Mais tarde, depois das tarefas domésticas quase concluídas, ela sentou de novo na rede na frente de casa. Mal tinha relaxado e ouviu um grito vindo do portão:
- Hei, senhora, quer comprar mel?
Era um rapaz, mais ou menos da idade da moça que antes tinha estado no mesmo lugar, perguntando a mesma coisa.
Ela gritou sem se levantar:
- Não, não quero. E não sou senhora ainda!!!
Se embrulhou na rede e quando espiou para fora, o rapaz já tinha saído.
Estava pegando no sono quando ouviu um assobio. Abriu um olho e uma senhora gorda estava no portão. Ela ergueu a cabeça e a mulher gritou:
- Oi vizinha! Quer mel? Eu vendo mel...
Não podia ser verdade. Dessa vez, sem vontade, ela só berrou um não, com tanta força que a mulher desapareceu na mesma hora.
Descansou um pouco mais na rede mas resolveu concluir de vez o trabalho da cozinha. Foi passar o pano molhado no chão. Estava no meio da limpeza quando escutou palmas na frente de casa.
Ela parou o que fazia e enxergou no portão um senhor.
- O que o senhor quer? - gritou de onde estava.
- Oi gatinha, quer comprar mel? Eu vendo mel!!!!
Dessa vez ela não conseguiu se aguentar. 
Pegou o balde com água e correu na direção do idoso que ao ver o que ela planejava, se afastou.
Luci tropeçou, caiu no chão, esparramou a água suja por cima de si mesma. Tinha vontade de chorar.
O velho chegou no portão, olhou para ela e disse:
- Era só dizer sim ou não. Um melzinho para adoçar a vida cai bem, sabia?
Virou as costas e saiu.
Desde aquele dia nenhum vendedor de mel nem de outras coisas apareceu mais na frente da sua casa. Ela virou lenda entre os vendedores ambulantes da pequena cidade, conhecida pela alcunha de "A Louca do Balde". 

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