terça-feira, 26 de julho de 2016

Um Cão Nada Convencional

Sugestão de título - Mônica Gonçalves
Autoria do texto - Marilia Bavaresco

O dia estava quente e abafado, no horizonte apareciam nuvens negras indicando o temporal de logo mais.
Balú entrou correndo em casa e foi direto para baixo da cama. Toda vez que estava para chover era assim: o medo da água era tanto que ele só queria se esconder. Os raios, barulhos, foguetes e ruídos fortes não o afetavam, mas o terror da água em compensação paralisava o pequeno cãozinho. O simples gotejar de uma torneira o deixava completamente imobilizado imaginando um tsunami que o engoliria.
A família de Balú não sabia a origem de tanto medo, mas tentava acabar com esse terror tentando dar banho morno, colocando ele perto da água, mas não adiantava. Toda vez era uma choradeira sem fim. Balú desmaiava, uivava, arranhava, e com pena do animalzinho, desistiam da empreitada.
Olhando pela janela naquele dia, era assustador o que se via. As nuvens se aproximavam rapidamente, a chuva fustigava os vidros das janelas.
Dona Marilu estava sozinha e pela vidraça avistou algumas roupas no varal. Saiu porta afora para recolher e afoita como estava, acabou tropeçando num tronco trazido pelo vento. Com a batida da cabeça ela ficou desacordada, sendo "surrada" pela chuva forte. 

Ouvindo o grito de Dona Marilu, Balú correu até a porta dos fundos que estava aberta. Ao ver a chuva seu coraçãozinho bateu acelerado. Conseguia enxergar os pés de sua humana no chão. Isso o impulsionou a caminhar mais alguns passos, mesmo absolutamente aterrorizado com a água que caía do céu.
Seu instinto dizia que algo muito ruim poderia acontecer se não ajudasse Dona Marilu. Embaixo da aba da casa ele avistou uma lona que era usada para cobrir a horta nas noites frias. Olhou para a humana, respirou fundo, o coração falou mais alto e encarou a água da chuva. Puxou a lona com todas as suas forças e cobriu Marilu. Foi a sorte dela pois em seguida começou a cair granizo e a lona, mal ou bem, conseguiu protegê-la das pedradas.
Neste ponto, Balú todo molhado estava estático e voltou a sentir o mesmo pavor que sempre sentiu. Levou muitas pedradas de gelo, ficou totalmente encharcado e quando fechou os olhos prestes a desmaiar sentiu que alguém o erguia do chão. Seu Nestor tinha chegado com o filho mais velho. Enquanto o filho erguia a mãe, Balú era recolhido pelo seu humano.
Horas depois, os dois dentro de casa, Dona Marilu logo havia recobrado a consciência e Balú, enroladinho no seu cobertor, seco e acomodado no colo protetor de Seu Nestor. O cão estava se sentindo muito confiante e amado como jamais havia se sentido. A humana olhava agradecida o pequeno chiuaua valente.
O pai e o filho humanos tinham visto a cena de Balú cobrindo Dona Marilu para protegê-la e entenderam que ele superou o seu pânico de água para ajudá-la, portanto, sendo muito mais corajoso que qualquer grande rotweiller ou dog alemão.
Depois desse dia Balú ainda chorava para tomar banho, mas quando chovia ele sentava na frente da porta que dava para o pátio, aguardando em caso de alguém precisar do seu socorro.

Um comentário:

  1. ...Nossa Marília, Amei!!! Fiquei emocionada com a coragem de Balú e é exatamente assim que vejo os cães!!! Parabéns!!! É lindo!!!

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