Desde que eu me conheço e me lembro, meus sonhos são sempre muito reais, com alguns toques de "nonsense". Sonhos recorrentes com gatos de rua e os meus misturados, com maremotos, enchentes e eu já me acostumei.
Mas essa noite eu tive um sonho que me fez ficar aliviada ao acordar e perceber que não era "de verdade".
Estávamos Rafaela (com uns quatro aninhos), eu e mais alguém da minha família (acho que era o meu irmão) passeando em um lugar que não era nosso conhecido. Era um lugar grande, cheio de shoppings, meio rústico, chão batido de terra vermelha, com muitos turistas e num dos cantos tinha uma construção que era um centro de compras branco chamado Natal.
Lá pelas tantas eu queria ver uma vitrine não muito longe e o meu irmão outra, numa rua perpendicular e deixamos a Rafaela na frente do "Natal" avisando para ela não sair dali. Logo voltaríamos.
Só que a muvuca foi aumentando e eu não conseguia retornar pra onde ela estava. E o terror da situação foi aumentando. E quando cheguei na frente do "Natal", ela já não estava mais. Meu irmão chegou do outro lado sem ela. Ficamos aterrorizados. Fizemos e refizemos todos os caminhos possíveis.
Eu chorava muito. Eu chorava tanto, de puro desespero. Sentia o ar me faltar.
Eu imaginava como estaria se sentindo minha pequena e onde andaria naquele instante. E pior, com quem.
O tempo passava e a angústia crescia.
Lembro de estar sentada no meio-fio e o remorso e o medo serem tantos, que as lágrimas me sufocavam, o ar não saia e nem entrava mais, e o choro era dolorido demais. Eu esperava, eu sentia, eu sofria como se fosse real.
Até que no final do sonho encontrei a Rafaela com a minha mãe numa piscina de bolinhas, dentro do "Natal". Ufa!
E aí eu me coloco no lugar de quem passa por isso de verdade.
Não sei como conseguem seguir adiante.
Eu morreria de dor e tristeza, com certeza.
Acordei de sobressalto e minha filhota estava lá na cama dela - um pouco maior é verdade - dormindo tranquilamente e minha agitação amainou.
