Meu pai me ensinou, ou tentou me ensinar durante toda a minha vida, com palavras ou com gestos um monte de coisas que só depois de um tempo me dei conta. E ainda está caindo a ficha.
Por exemplo, hoje enxergo muito de mim na minha filha. Ela está na fase de afirmação, de querer ocupar o seu lugar no mundo, adolescendo. E como é difícil vê-la fugir por entre meus dedos assim como a areia que escorre na nossa mão.
Enquanto eu vou sofrendo do meu lado cortando as amarras, tento segurá-la o mais perto que posso de mim, tentando dissuadi-la, inconscientemente, de ir para esse mundo aí fora. E ao mesmo tempo que enxergo uma moça, vejo muito daquele bebê prematuro que precisava tanto de mim. E queria parar o tempo imediatamente. Ela é minha! - eu queria dizer ao Sr do Tempo. Mas ela não é. E dói!
E isso meu pai deve ter passado, tentou me alertar, norteou muitas das minhas escolhas e as cabeçadas que dei e continuo dando por aí, são decorrência de não escutá-lo muitas vezes. Perdi a conta das cartas que me enviou (na época que essa era uma das únicas formas de comunicação) tentando me manter nos eixos, para que não perdesse o foco e continuasse trilhando meu caminho o menos tortuosamente possível.
Te agradeço pai, por tudo. Pela vida, pela paciência, por aguentar a nossa ida para o mundo sem nunca nos deixar a esmo.
Peço desculpas por todas as vezes que não quis te ouvir, que silenciosamente eu achava que o que dizias não tinha um porquê. O tempo se encarregou, na sua espetacular maneira de nos fazer ver, que estavas certo.
O mundo estará sempre aqui e estamos de passagem. Folhas ao vento! Nada além disso.
Queria te dar um abraço hoje, mas como estou aqui e você aí do outro lado do computador, em outra cidade, queria que fechasse os olhos e recebesse todo o meu amor que tento te enviar em cada letra que digito neste momento.
Se me fosse dada a oportunidade de viver de novo, eu só aceitaria se fosse com essa família.
Feliz Dia dos Pais meu querido. Te amo muito e sou grata por ser tua filha.
