quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Como Nunca Antes

Para sobreviver nestes últimos dias com um mínimo de sossego, tive que deixar de ver televisão, de escutar noticiários, de participar em listas e grupos de discussão, de entrar no facebook, tamanha a violência e os ataques das pessoas umas às outras. Seja por opiniões diversas, por política, por qualquer motivo que possa contrariar o ser que tecla escondido atrás de um monitor.

Não aguentei mais e desde ontem parei com os acessos. A cada entrada era uma chuva de ódio, de impropérios e tal. Para não me indispor em princípio eu coloquei conversas no silecioso, deixei de seguir propagadores de ódio, e por fim, deixei de entrar porque se fosse bloquear tudo, ficaria numa rede antissocial.

É a tal da coisa: quem se expõe está sujeito e tem que estar preparado para o revide, inclusive aquele gratuito, sem razão de ser. Parei por um tempo.
...
Mas nem só de coisa ruim consiste a vida.

Ontem me deparei com a notícia abaixo. Como eu comentei mais tarde, poucas vezes fiquei tão comovida. Apesar do derradeiro fim, a história desse casal é linda. Até o final.

E o anjo que os colocou juntos mereceria sim um beijo e um abraço meu, porque é uma pessoa como poucas, com incrível sensibilidade para perceber o que aconteceria.

Deixo a vocês a história de Diva e Italvino. (via Clicrbs)

Casal de Idosos Morre Com Minutos de Diferença No Mesmo Quarto de Hospital em Porto Alegre

Leucemia silenciou Italvino Possa, 89 anos, enquanto Diva, 80, não resistiu a um câncer de bexiga

Por Luísa Martins 07/10/2014 | 08h02

Casal de idosos morre com minutos de diferença no mesmo quarto de hospital em Porto Alegre Rafael de Freitas/Arquivo Pessoal
Junto há 65 anos, casal gostava de reunir a família para comemorar datas; na foto, os dois no Dia dos Namorados do ano passadoFoto: Rafael de Freitas / Arquivo Pessoal
Italvino e Diva receberam a bênção do padre em uma igrejinha do interior de Três Passos, há 65 anos, e cumpriram exemplarmente a promessa de se amarem na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separasse. Na sexta-feira, o aposentado e a dona de casa se despediram da vida do jeito que sempre a percorreram: de mãos dadas. 
Aos 89 anos, Italvino Possa enfrentava, desde 2013, uma leucemia que lhe minguava as plaquetas. Em abril deste ano, Diva, 80, descobriu um tumor na bexiga cujo prognóstico, ruim, a obrigou a ocupar um quarto desde lá no Hospital São Lucas, em Porto Alegre, onde também, de tempos em tempos, o esposo era submetido a transfusões de sangue. 
Mesmo debilitado, ele não perdia as esperanças de recebê-la de volta na casa do bairro Jardim Itu Sabará, na zona norte de Porto Alegre, onde costumavam reunir família e amigos para comer guloseimas e jogar conversa fora. Italvino sempre procurou esconder da companheira a gravidade do seu estado de saúde. Não queria preocupá-la. 
Na quarta-feira à tardinha, dona Diva, quase silenciada pela doença, pediu para reunir seus queridos: marido, 10 filhos, 14 netos, seis bisnetos. 
— Foi uma despedida — interpreta Rafael de Freitas, um dos netos do casal que se conheceu num "bailinho de interior" e começou, humilde, a construir seu patrimônio plantando tomates em uma terra cedida por um conhecido, na década de 50.
Durante o encontro, seu Italvino chorou.— Ele suplicou que a mãe não o deixasse e pediu perdão por qualquer erro — relata uma das filhas, Veramar Possa, 52 anos.
Na madrugada, já em casa, ele chamou pela mulher no meio do sono. Enquanto isso, o câncer desligava o último órgão que ainda vivia em Diva, o rim. Na telepatia do fim, o idoso teve uma hemorragia e pediu para ser internado — uma surpresa para o médico nefrologista Fernando Tettamanzy.
— Brincávamos que ele vivia se esquivando de mim, pois relutava muito em ficar internado. Penso que quis isso para acompanhar os últimos momentos da companheira — afirma o médico.
Uma enfermeira tratou de colocá-los no mesmo quarto. Mais: juntou as duas camas. Como em uma resposta automática, os dois se deram as mãos.
— Aperta a mão da tua namorada e tenta ficar calmo — sugeriu a enfermeira ao idoso.Seu Italvino morreu em poucos instantes. Dona Diva não demorou a acompanhá-lo: se foi 45 minutos depois.
— Ele era tão educado que, até na hora da morte, abriu a porta para ela — descreve Tettamanzy, definindo o casal como um exemplo de cumplicidade, doçura e retidão.

2 comentários:

  1. Marília, faz bem em dar um tempo, não vale a pena se desgastar. A companhia da tua linda filha e dessa turminha fofa e bigoduda que tens ao lado será um plus para renovares as energias. Bom descanso :-)

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    1. Também achei alinda a história de amor do casal. Me encantou muito a parceria de vida que tiveram. A parceria no adeus veio pra coroar a linda história. Tão comovente quanto morrerem juntos foi viver lado a lado. Bjs

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